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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Coimbra


Fazer intercâmbio é descobrir o quanto você é composto por partes e saber exatamente onde está cada uma delas - não saberíamos se não nos afastássemos, seria sempre cômodo e confortável demais.
Quando entrei no avião eu fiquei encantada, assustada e depois muito nervosa porque a poltrona era pequena demais e o ar condicionado muito forte, o resultado disso foi: nariz sangrando, rinite atacada e uma aterrissagem digna de esquecimento.
Cheguei, não tão bem mas cheguei.
O resultado da longa espera no aeroporto de Lisboa por Ana me fez refletir o que eu tava fazendo e a pergunta foi: como assim? o que é que eu tô fazendo aqui? cadê minha mãe? e eu caí no choro, longo e demorado mas me olhei no espelho, me arrumei novamente e disse pra mim mesma: Levanta, menina, aproveita porque qualquer um queria estar no seu lugar, não desperdice isso. E saí curiosa andando pelo aeroporto e ouvindo o português correto (e superior sim!) e que se conservou... os tempos verbais corretos, as vozes corretas - impecável e longe de erros ortográficos e orais - fiquei fascinada.
Cheguei em Coimbra e sofri ainda mais pelo frio, tenho presenciado as temperaturas mais baixas que poderia pensar e posso garantir que isso é uma tortura pra uma baiana, acostumada com um calor (in)suportável.
Ter o seu espaço, ver que tudo depende de você inteiramente: o quarto não se arruma sozinho, a comida não se apronta sozinha, a cama não se forra sozinha, as roupas não se lavam e todas as coisas que não fazemos em nossa casa porque há quem faça por nós: aqui aprendemos o peso dessas pequenas coisas e a falta que nos faz alguém que tem experiência nisso.
Cadê a comida de minha mãe e minhas roupas muito cheirosas? Ela usava amaciante? Como se lava roupa? E rir dessas perguntinhas que parecem bobas, estar distraída e matar a saudade enquanto dorme, quando seus sonhos levam você pro colo de sua mãe, pras palhaçadas de seu pai, pras brigas com seu irmão e para o amor, o colo, o beijo, o carinho e a eternidade que cabem no seu namorado. Mas o melhor amigo de todos veio comigo: o Espírito Santo, não existe parceiro melhor, mais sábio, mais carinhoso, mais consolador e perfeito.

O que eu posso adiantar é que a experiência está sendo incrível e não me permito sofrimento e nem saudade demais porque meu objetivo aqui é a superação.
Obrigada, UEFS, por acreditar em mim e nos meus sonhos, será sempre inesquecível todo apoio, carinho e cuidado de você comigo nessa caminhada - vocês vão além de uma instituição, além das fardas e das funções e rompem os limites estabelecidos. A UEFS será vista por mim como uma 'mãe acadêmica', muito além das minhas expectativas, serei eternamente grata por essa oportunidade e honrarei cada gota de esperança que foi depositada em nós, intercambistas.
Aos meus amigos, em especial Camila, Vanessa, Renatinha, Paula, Murilo, Nathy, Cássio, Midi, Patrike, Bruna e Raul (sempre Raul!) obrigada pelo carinho e pela força, quero dividir toda felicidade que sinto com vocês.
E à minha família, não sei nem o que dizer: não há nada além de vocês, nada que eu possa dizer, fazer, escrever, nada. Obrigada, eternamente, pelo sacrifício, pelo apoio, pelo cuidado, pela cumplicidade que vai além do oceano, pelo suor, pelas lágrimas - minha vida, meu esforço, todo brilho que possa existir nessa experiência é por vocês.
E Ciro, você é o grande amor da minha vida e me prova isso a cada momento que prefere dividir comigo, cada bobagem, cada carinho e taaaanto amor que só você sabe. Não há distância que me faça esquecer você, só lembrar e me apaixonar cada dia mais e mais - isso aqui é também por nós dois.
E a Jesus, o autor de tudo isso, toda glória, o mérito é dEle, eu sou apenas um instrumento.